Três mitos do cinema se reúnem num dos maiores clássicos já feitos - e as próprias filmagens são dignas de um filme

John Huston cavocou sua carreira como diretor de cinema e ganhou a direção de "The Maltese Falcon" em 1941 porque outros diretores não quiseram o trabalho por puro preciosismo. O cinema ganhou com isso e o diretor acabaria mostrando em outros trabalhos que preciosismo e classe não eram seus fortes - e acabaria arrastando sua equipe para uma selva, sem conforto, para fazer um grande filme. De uma longa filmografia de clássicos que entraram para história, Huston traçou sua história através de personagens fortes interpretados por atores idem. O maior companheiro do diretor eram Humphrey Bogart - por afinidades, e por, como Bogart, apreciar um bom whisky e o cigarro. Foi regado a whisky e cigarro que os dois dividiram maus bocados com toda a aquipe nos cenários naturais na África onde foi filmado, em 1950, "The African Queen" - o símbolo maior da filmografia de Huston e um dos filmes preferidos de Bogart, que ganhou seu Oscar de interpretação.

 

 

 

"Uma Aventura na África" é um dos ícones do cinema americano, o momento do encontro de três lendas - além das duas já citadas, Katherine Hepburn, a maior vencedora da história do Oscar e, para muitos, a maior atriz que já passou por hollywood. E um dos poucos filmes que mantém sua fama não apenas pela qualidade - é uma das melhores aventuras do cinema, um misto de emoção, suspense, comédia, romance e movimento como poucos - mas pela própria história de suas filmagens. Javalis, ataques de leões e até um surto de malária na equipe - Bogart e Huston teriam escapado graças ao whisky - entraram para a cultura do cinema e por si só dariam - e deram - um filme ( Coração de Caçador, de Clint Eastwood ).

Hepburn é Rosie, uma missionária enfurnada nas selvas do Congo Belga com o irmão em 1914 - religiosa ao extremo, uma típica senhora inglesa recatada e devotada á causa do senhor - enquanto Bogart interpreta um beberrão decadente, mal educado e mau humorado que atravessa os rios da região levando mercadorias. Os dois acabam tendo de dividir as precárias embarcações do African Queen, o barco de bogart, quando precisam fugir dos nazistas que atacam a missão. Entre crocodilos, corredeiras, lamaçais, tempestades, barreiras alemãs e o Louiver, o temido barco patrulha alemão que controla toda a região, os dois mantém uma relação conflituosa, dividindo tarefas, rusgas e sentimentos que afloram.

O roteiro é primoroso - baseado no romance de C.S.Forester. O irônico é que o próprio huston admite que, tanto no romance de Forester como no roteiro ( escrito por ele, James Agee e John Collier ) não havia humor - ele fluiu naturalmente na impressionante relação de dois atores fenomenais como Bogart e Hepburn. Katharine, por sua vez, disse que sua interpretação não estava boa, até Huston mandar que ela inspirasse sua Rosie na Sra. Roosevelt. Histórias curiosas de uma clássico que só poderia ter surgido em outros tempos


Uma Aventura na África
( The African Queen ) - Estados Unidos - 1950
Direção de John Huston, com Humphrey Bogart, Katharine Hepburn, Robert Morely, Peter Bull

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Cenas de Verdade,com Malária e Javalis

No início de Uma Aventura na África, John Huston insistiu em rodá-lo no local. Em busca de um rio idêntico ao do romance de C.S. Forester, mais de 40.000 quilômetros quadrados foram vasculhados até que se encontrou o Ruiki, no antigo Congo. Na época ( 1951 ) era uma excentricidade vasculhar um continente africado apenas para reproduzir-se um diálogo. Ainda mais que as filmagens eram frequentemente interrompidas por crocodilos, javalis, elefantes, malária e disenteria. Mas Huston afirmava que o único modo de tornar verossímeis e autênticos osofrimento e o romance entre duas pessoas muito diferentes eram as tomadas locais. O filme é centralizado na relação dos dois personagens: o capitão canadense Charlie Allnut ( Humphrey Bogart ) e a missionária inglesa Rose Sayer ( Katharine Hepburn ). Considerado um dos mais perfeitos no gênero aventura, o filme acabou se tornando o maior sucesso de bilheteria da carreira do diretor. O humor foi essencial no filme, que conta a história das dificuldades de duas pessoas excêntricas e simpáticas que aprendem a se amar e a se respeitar após sobreviver a muitas peripécias e dificuldades.

Fonte: Guia Nova Cultural

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