O título "O Senhor dos Anéis" com certeza não é novidade para muita gente, mas seu significado pode estar deturpado por anos de exploração da marca com outras atividades. Durante muito tempo, "O Senhor dos Anéis" foi apenas um jogo do jurássico Odissey. Para muitos, era um jogo de RPG repleto de regras no estilo Dungeons & Dragons. Para alguns mais antigos, era um desenho animado da década de 70. Para todos aqueles que ligam o nome a isso tudo, uma notícia: a abrangência desse título é muito maior do que se supõe.

Toda a mitologia acerca de dragões, duendes, orcs, magos, cavaleiros e princesas que encheu de obras, filmes, desenhos e produtos o mundo nos últimos 50 anos deriva de uma fonte: a obra do escritor britânico JRR Tolkien. Não que Tolkien tenha inventado todos esses conceitos, mas ele os resgatou para criar um universo fantástico tão real e detalhado que gerou até mesmo a publicação de gramáticas, atlas e livros de história. Sem isso, nem mesmo o cultuado desenho "A Caverna do Dragão", de muito sucesso nos anos 80 e que deixou uma legião de saudosistas ( principalmente quando se olha para lixos comerciais como Sakura Card Raptors, Pokemon e Dragon Ball Z ) espalhados pelo mundo.

A origem de tudo foi a paixão por línguas de Tolkien. Estudioso do galês, Tolkien destacou-se em Oxford no estudo da linguística e criou sua própria língua, com todas as exceções, regras de escrita e pronúncia - a ponto de até hoje fãs da obra conversarem entre si, principalmente na Inglaterra, em élfico. O escritor explicou, mais tarde, que a criação de sua obra foi necessidade, não obre de inspiração do acaso. " Para dar sentido á minha língua, precisava de um mundo. Para dar sentido a este mundo, precisava de uma história. E para dar sentido a ela, precisava de personagens."

E que história. Tolkien criou a Terra Média, e em sua imaginação, não era um mundo distante, mas o próprio planeta Terra em eras ancestrais, quando os continentes ainda não assumiam a forma atual. Isso pode ser facilmente percebido quando se compara o mapa da Terra Média com o mapa da atual Europa, por exemplo. E a criação dessa terra englobou tudo o que se pode imaginar: desde os contos de sua criação pelo deus Eru, o único, até o surgimento do mal, o surgimento da raça humana e de outras raças, a história dos tempos antigos, a árvore genealógica dos reis e das grandes famílias, eventos históricos - como se fosse uma bíblia e um livro de história reunidos num só volume, detalhados com tal precisão que nos parecem reais ( e uma das maiores características do escritor é sua incrível precisão em detalhar lugares nos mínimos detalhes, o que ajudou na transformação de seu universo aos olhos de artistas, desenhistas e poetas ). Toda essa mitologia e essa história estão reunidos em "O Silmarillion", obra que Tolkien começou a escrever na época da Primeira Guerra mundial e morreu, na década de 70, sem terminar, trabalho esse feito por seu filho, Christopher Tolkien ).

Para o público, tudo começou com o lançamento de "O Hobbit' na década de 30. O livro mostrava as façanhas de Bilbo Baggins, um hobbit ( seres do tamanho de anões, com pés peludos e composição física igual a dos humanos ) que recebe a visita do mago Gandalf e de uma comitiva de anões liderada por Torin. Eles o convidam a procurar um tesouro escondido dentro de uma montanha e guardada por um dragão, Smaug. Na jornada até o tesouro, muitas aventuras e um conto até infantil que conquistou o mundo. E o mundo queria mais histórias dos Hobbits. Tolkien começou a escrever sua continuação, mas demoraria mais de uma década para lançá-la. Muito mais sombria e épica, a história não era nada infantil. Foram lançados, então, os livros da trilogia de "O Senhor dos Anéis" - A sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei. E nem mesmo tolkien poderia imaginar o alcance de sua obra. Tornou-se uma religião, marcou a literatura mundial e hoje, mesmo passados mais de 50 anos, a febre e adoração em torno da obra continuam.

A HISTÓRIA

Para escrever sua continuação, Tolkein usou uma passagem de O Hobbit. Na época, o público nunca imaginou que quando Bilbo rouba um anel mágico que lhe dava poderes de invisibilidade do repugnante gollum após um jogo de adivinhações estaria dando início a um épico de proporções inimagináveis. Foi a partir desse anel que o autor criou sua maior obra.

Anos após os feitos descritos em O Hobbit, Bilbo, já velho, decide partir do condado, a terra dos Hobbits, e promove uma grande festa de despedida. É nessa festa que ele usa o anel pela última vez desaparecendo na frente de todos os seus convidados. Por odem de Gandalf, Bilbo deixa todos os seus pertences, sua casa em Bolsão e o anel para seu sobrinho, Frodo. Desde cedo fica claro que o anel exerce um estranho poder sobre quem o possui. Ele começa a tomar conta da alma de seu portador e a simples idéia de dá-lo a outra pessoa é simplesmente inconcebível. Gandalf explica a Frodo a história do anel que agora tem em mãos: eras atrás, foram forjados anéis de poder e distribuídos entre as diferentes raças da Terra Média. Anões, elfos e humanos tinham seus anéis e, para controlar a todos eles, e logicamente ter poder sobre toda a terra média, Sauron, um maiar, criou na Montanha da Perdição o Um Anel, o mais poderoso de todos que permitia a seu dono controlar todos os demais. Durante muito tempo, uma grande guerra foi travada contra Sauron, o senhor dos escuro, onde elfos e humanos fizeram sua última grande aliança, e o mal foi por fim extinto. O anel se perdeu e Sauron, todos pensavam, estava morto.

Sem entrar em maiores detalhes, Gandalf conta como Sméagol teria matado seu primo, que encontrara o anel, e teria ficado com ele. Expulso de sua terra, ele se refugiou em cavernas e subterrâneos e se tornou uma figura asquerosa conhecida como Gollum, e mais tarde Bilbo roubaria o anel dele. Mas Sauron não estava morto e naquele mesmo momento estava voltando a reunir suas forças, ficando poderoso novamente em sua fortaleza escura na terra de Mordor e estaria procurando o anel.

Frodo fica com a incumbência de levar o anel até Rivendell ( que me perdoem, mas o original é muito melhor do que Valfenda, como foi traduzido para o português ), a "última casa amiga", lar de Elrond, um meio elfo respeitado e temido até mesmo por Sauron. Para acompanhar Frodo na jornada até Rivendell, Gandalf escolhe Sam Gangee, e mais tarde outros dois hobbits se juntariam a eles: Merry e Pippin. Os quatro conhecem desde já a obstinação dos cavaleiros negros, conhecidos como nazgul - na verdade, os nove humanos que possuíam seus anéis e foram corrompidos pelo poder do escuro, tornando-se servos de Sauron - que os caçam em busca do anel. Eles conhecem no caminho um humano, Passolargo, que mais tarde revela-se ser Aragorn, herdeiro da maior linhagem de reis da terra média e amigo de Gandalf. Após muitos perigos, eles chegam a Rivendell.

É no Conselho de Elrond, em Rivendell, que decide-se por destruir o anel da única maneira possível: jogando-o de volta ao local onde foi forjado, no fogo da Montanha da Perdição. O único porém: encontra-se bem no meio de Mordor, ao lado da fortaleza de Sauron. Frodo aceita seu fardo e para protegê-lo é formado uma comitiva: além dos três hobbits que o acompanham, dois humanos, Aragorn e Boromir, homem nobre da terra de Gondor, um elfo, Legolas, um anão, Gimli e o próprio Gandalf. Juntos, eles terão de atravessar a Terra Média repleta de perigos e destruir o anel.

Isso tudo resume-se, até agora, apenas à metade do primeiro livro da trilogia. Somados, são mais de 1200 páginas e uma história rica em personagens, lugares, feitos e perigos. Após Rivendell, a comitiva do anel, sempre perseguida, ainda seria vencida pela neve nas montanhas de Caradhras, atravessaria os subterrâneos perigosos das Minas de Moria, antiga construção dos anões onde eles enfrentam os Orcs e o terrível Balrog, encontrariam a senhor dos Elfos, Galadriel, na linda terra de Lothlórien e... bem, o final desse primeiro capítulo não pode ser revelado para não estragar nada para quem não leu ainda.

 

 

 

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