Épico
com fins políticos de Eisenstein traz trilha sonora
pomposa de Prokofiev e é um dos mais belos filmes do
cinema
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Um
dos mais belos filmes do cinema. Eisenstein foi acusado ( e ainda
o é) de ter transformado o filme em uma propaganda nacionalista
exagerada. Não deixa de ser mentira, afinal, por diversas
vezes o príncipe Alexandre brada em alta voz que prefere
morrer a trair sua Rússia. As canções da majestosa
trilha sonora de Sergei Prokofiev clamam a defesa do solo russo,
com um portentoso "Levanta Rússia" por diversas
vezes. Mas cabem duas observações: em primeiro lugar,
o filme foi encomendado com fins políticos. A história
real do príncipe Russo que lutou contra os germanos no século
XIII deveria servir como um aviso à Alemanha de Hitler e
ao mesmo tempo preparar o povo russo para uma possível invasão.
Não serviu a esse intento, já que logo depois a Rússia
assinou pacto de não agressão com a Alemanha ( quebrado
algum tempo depois, mas, então, foi o inverno que se encarregou
de aniquilar os nazistas ). Em segundo lugar, "O Encouraçado
Potemkim" também tem cenas exageradas, para insuflar
no espectador o espírito do heroísmo do povo contra
os homens do Czar no massacre de 1905. Porém, "Potemkim"
não foi criticado. Talvez, por ter revolucionado o cinema,
coisa que "Nevsky" não fez. Eisenstein, porém,
demonstrou todo o poder do cinema como arte visual, e por mais nacionalista
que seja, o filme, as imagens e a música, casadas, formam
uma obra de arrepiar ainda hoje.
Quem
esquecer as claras alusões patrióticas encontrará
um épico portentoso e concebido para ser grande. A paisagem
russa é o contraponto perfeito para uma câmera que
insiste em enquadrá-la como se fosse um quadro ou um cartão
postal: por diversas vezes, ela permanece imóvel fitando
a paisagem, ou colocando os atores em segundo plano, bem pequenos,
num canto da tela. E a crítica à mensagem do filme
deixou passar o fato de que é preciso aceitar o espírito
dessa mensagem para aceitar e entender a motivação
do épico - é preciso aceitar os invasores germanos
como os grandes vilões e o povo russo oprimido, suas cidades
destruídos e seu apelo por Alexandre, o príncipe que
aniquilou os suecos, para defender a limpar a terra russa. Por anos
o cinema ianque nos desfilou seus heróis lutando contra os
invasores, e mesmo em filmes considerados pela crítica isso
acabou passando em branco - até os ingleses foram tratados
como vilões sem alma. Por que, então, essa dificuldade
em aceitar o mesmo tipo de liberdade vindo do cinema russo?
A
fixação de Eisenstein com a paisagem russa e a grandiosidade
pré-concebida podem, em alguns momentos, levar a uma estagnação
do filme. Talvez para os padrões atuais, em alguns momentos
haja muita pausa, muita reflexão, muito diálogo e
a demora pela ação - não a ação
física, mas mesmo o desenrolar do filme. Isso pode-se perdoar.
"Alexandre Nevsky" emana tal aura de grandiosidade que
é difícil não sentir um arrepio toda vez que
o coral de vozes da trilha de Prokofiev entra em cena. Quando estoura
a famosa batalha no gelo, então, todos os defeitos foram
deixados no esquecimento, e apenas se admira um cinema épico,
nitidamente feito em uma outra época, mas com uma grandiosidade
rara de se ver nos dias de hoje, de tantos efeitos e possibilidades
digitais
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Alexander Nevsky - O Príncipe
Guerreiro
(Alexander Nevsky) - Rússia - 1938
Direção de Sergei Eisenstein, com Nikolai
Cherkassov, Nikolai Okhlopkov, Alexander Abrikossov
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