RASTROS DE ÓDIO
( The Searches - John ford - 1956)
Uma porta que se fecha para um filme e guarda uma página do gênero e do próprio cinema. "Rastros de Ódio" não é apenas o melhor filme do mestre John Ford. Foi incluido em várias listas como um dos melhores de todos os tempos em todos os gêneros. Poucos filmes têm a densidade psicológica deste drama das pradarias que narra a busca obstinada de Ethan, um homem duro e insensível, por vingança. Índios incendiaram a casa de seu irmão e de sua cunhada, mataram toda a família e raptaram suas duas sobrinhas. Uma delas é encontrada morta, e a outra, na visão de Ethan, está perdida para sempre e deve morrer... assim que ele a encontrar. Sua busca atravessa os anos como seu único objetivo de vida, atravessa as estações e nada pode perturbá-lo. Poucos personagens são a imagem da solidão e da obstinação que este interpretado por outra lenda do cinema, John Wayne. Pelo que representa e por tudo que tem atrás de si, "Rastros de Ódio" é um dos maiores filmes da história do cinema.

MATAR OU MORRER
( High Noon - Fred Zinneman - 1952)
O sino bate meio dia e o xerife Will Kane engole seco. Termina de escrever e dobra suas cartas, para o caso de ocorrer o pior e, tentando aparentar decisão, caminha emdireção á rua. Ao sair da delegacia, encontra o vazio, o silêncio, a solidão. A cidade fantasma e a rua deserta o recebem, e o destino parece lhe dizer: é o fim. Todos o abandonaram. No dia mais feliz de sua vida, em que celebra o casamento e o fim de sua carreira como agente da lei, Kane é surpreendido com a notícia que pode lhe trazer a morte. O tema da justiça e da defesa da lei contra a vingança dos foras-da-lei raramente foi mencionado quando se fala de Matar ou Morrer, mas sim o da solidão de um herói. A mensagem veio a calhar na época em que vários profissionais de Hollywood foram perseguidos pelo macartismo, delatados e abandonados por muitos supostos amigos. Zinneman não precisou de muito para passar sua mensagem. Num clássico exemplar, precisou apenas de uma câmera que subisse e mostrasse o xerife sozinho com uma cidade que o abandonou á própria sorte, e de um ator fenomenal como era Gary Cooper.

PAIXÃO DOS FORTES
( My Darling Clementine - John Ford- 1946)

O trem chega e a câmera viaja por sobre os telhados da estação, descortinando a pequena cidade, que nascia junto com o desbravado oeste americano, ao som da trilha sonora perfeita de Ennio Morricone. Esta passagem foi homenageada e refilmada na íntegra por Robert Zemeckis em "De Volta Para o Futuro 3". Aqui, Claudia Cardinale passeia na carroça, chegando para tomar posse do rancho onde antes viviam o marido e os filhos, assassinados em nome de um interesse maior: a construção de uma ferrovia que passa pelas terras que agora são da viúva. Junto com o tema da chegada da civilização e o desbravamento do território selvagem, está a vingança, encarnada pelo misterioso pistoleiro da harmônica interpretado por Charles Bronson. O alvo é o vilão assustador interpretado por Henry Fonda ( no único papel de vilão de sua carreira ). O clássico de Sergio Leone é cinema em estado puro: seus closes enormes dos rostos antes de cada combate, o suor escorrendo pela testa, os olhares fixos, a solidão e o silêncio do oeste. Claudia Cardinale assiste a tudo impassível, no meio de tão irreais e ao mesmo tempo autênticos personagens. Contado como se fosse uma fábula, o filme bem poderia começar com seu título:"Era uma vez no oeste..."

ERA UMA VEZ NO OESTE
( Once Upon a Time in the West - Sergio Leone - 1969)

O trem chega e a câmera viaja por sobre os telhados da estação, descortinando a pequena cidade, que nascia junto com o desbravado oeste americano, ao som da trilha sonora perfeita de Ennio Morricone. Esta passagem foi homenageada e refilmada na íntegra por Robert Zemeckis em "De Volta Para o Futuro 3". Aqui, Claudia Cardinale passeia na carroça, chegando para tomar posse do rancho onde antes viviam o marido e os filhos, assassinados em nome de um interesse maior: a construção de uma ferrovia que passa pelas terras que agora são da viúva. Junto com o tema da chegada da civilização e o desbravamento do território selvagem, está a vingança, encarnada pelo misterioso pistoleiro da harmônica interpretado por Charles Bronson. O alvo é o vilão assustador interpretado por Henry Fonda ( no único papel de vilão de sua carreira ). O clássico de Sergio Leone é cinema em estado puro: seus closes enormes dos rostos antes de cada combate, o suor escorrendo pela testa, os olhares fixos, a solidão e o silêncio do oeste. Claudia Cardinale assiste a tudo impassível, no meio de tão irreais e ao mesmo tempo autênticos personagens. Contado como se fosse uma fábula, o filme bem poderia começar com seu título:"Era uma vez no oeste..."

MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA
( The Wild Bunch - Sam Peckinpah - 1969)

"Se John Wayne um dia fosse vilão, seria como Robert Ryan e William Holden nesse filme", homens de passado glorioso despedindo-se de sua época. Veteranos, eles decidem aplicar seu último golpe, e sofrer pela última vez a perseguição de um ex-companheiro.Entre dois duelos violentos, no começo e no final, essa perseguição nos tempos da Revolução Mexicana traz ao espectador a sensação de despedida em cada fotograma onde aparecem os bandidos que, mesmo ultrapassados, mantém seu código de honra. Esse código peculiar que fez seus passados permanece no momento mais crucial de suas vidas. John Wayne seria, sim, como Robert Ryan e William Holden em "The Wild Bunch": homens despedindo-se de dias de glória ao som da "Adelita" mexicana.

ONDE COMEÇA O INFERNO
( Rio Bravo - Howard Hawks - 1959 )

Se existia um homem em Hollywood capaz de rivalizar com o grande John Ford quando o assunto eram faroestes, este homem era Howard Hawks. Assim como Ford, Hawks tinha em John Wayne seu ator preferido - e para ele, o oeste era lugar onde somente os bravos sobreviviam. "Onde Começa o Inferno" faz parte da chamada "trilogia dos rios", ao lado de Rio Lobo e Rio Vermelho. Difícil dizer qual, entre este e "Rio Vermelho" é melhor. Psicologicamente menos denso, este filme foi uma resposta ao "Matar ou Morrer" de Zinneman. Hawks não se conformava em ver um xerife pedir ajuda a civis para resolver uma questão sua. Por isso, colocou John Wayne no papel do xerife que enfrenta um fora da lei com a ajuda de um jovem, um velho e um bêbado. O número musical de Dean Martin e Ricky Nelson tornou-se famoso - a música, uma espécie de hino do western americano até os dias de hoje.

NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS
( Stagecoach - John Ford - 1939 )

Estivéssemos aqui escolhendo os mais importantes westerns de todos os tempos, colocaríamos Stagecoach no topo de qualquer lista. O filme juntou pela primeira vez John Ford e John Wayne num grande filme - dois heróis e símbolos do próprio cinema americano daqueles tempos - e seria o pontapé inicial definitivo do mais americano dos gêneros - ou do único gênero genuinamente americano, já que ele somente se desenvolver em território americano em sua premissa básica - o desbravamento do oeste AMERICANO. As paisagens do Monument Valley apareciam esplendorosas para contar a mais clássica das histórias do gênero - a carruagem que atravessa o deserto e sofre um violento ataque de índios. As bases para o gênero foram lançadas. O público aprovou. Uma era se iniciava na terra de Tio Sam.

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM
( Shane - George Stevens - 1953)

Shane difere, de maneira geral, de todos os outros grandes westerns. Não se vê, durante o filme, a atmosfera árida des demais grandes westerns. A ambientação, mais ao norte do oeste americano, ajuda a criar a atmosfera de "pradaria" deste filme que se tornou um ícone americano. A trilha sonora é essencial - os próprios sonos da pradaria ajudam a contar a história do pistoleiro que chega ninguém sabe de onde para mudar o destino de uma pequena comunidade. E até hoje algumas pessoas - aquelas mais velhas, que tiveram a oportunidade de ver o terceiro grande clássico da "trilogia americana" de Stevens - ainda ouvem o eco daquele grito ecoando na memória: Shane, come back. Muitos ainda discutem se o personagem morreu ou não. Isso é parte da aura de um clássico.

RIO VERMELHO
( Red River, Howard Hawks - 1954)

Pauline Kael chamou o filme de "ópera a cavalo". Na opinião de John Wayne, somente "Rastros de Ódio" o superava. Era um de seus preferidos. O astro americano gostava de personagens fortes. Em "Rastros" ele compôs o mais perfeito retrato da amargura com Ethan. Aqui, ele compõe igualmente um tipo forte, - o pai, vaqueiro, que leva o gado embora do sul após a guerra com uma série de incidentes. Seu maior entrave, no entando, é o relacionamento com o filho - Montgomery Clift. Narrada através das páginas de um diário, é um exemplo do estilo "macho" de cinema de Hawks, tecnicamente impecável, com brilhante trilha sonora de Dmitri Tiomkim.

O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA
( The Man Who Shot Liberty Valance - 1952)

A noção de heroísmo e covardia de Ford sempre esteve ligada diretamente ao revólver, às balas, ao machismo que caracteriza a maioria de seus personagens. Aqui, porém, Ford coloca um contraponto: o personagem de James Stewart, um homem íntegro, contrário à violência e sensível. Apesar dos atos de heroísmo - e Ford deixa claro que é preciso a força, a coragem e a bala para resolvê-los - de John Wayne, é Stewart que acaba se tornando o grande herói do filme para os demais personagens. o público, no entanto, sabe que não é bem assim. Um dos raros filmes de teor psicológico de Ford, com sua habitual ação e genialidade, e com um elenco fabuloso.


Criada por Fábio Luis Rockenbach - 2001